quinta-feira, 2 de abril de 2015

Moda Center é destaque em matéria do Jornal do Commercio


Polo têxtil dribla a crise

FORÇA: Mesmo com o câmbio desfavorável, produtores do Agreste conseguem aumentar vendas investindo no mercado interno

Antes vistos como uma potencial ameaça, os produtos importados, sobretudo os asiáticos, com destaque para os chineses, ficaram menos competitivos no Polo Têxtil do Agreste neste início de ano. Segundo o Moda Center Santa Cruz, ainda é cedo para mensurar o recuo, mas o condomínio, que é o maior centro atacadista de confecções do País, assegura o aumento recente da procura por itens nacionais.

O Polo de Caruaru, voltado sobretudo ao varejo, também sente a mudança. A única operação 100% chinesa, entre mais de 300, fechou as portas recentemente. O que não quer dizer que outras não comercializem produtos da China, observa o superintendente, Henrique Camello. “Já sentimos diminuição das peças chinesas nas vitrines, embora ainda discreta”, diz ele. Além disso, comenta, “famílias inteiras estão vindo de mais longe para tentar economizar”. O deslocamento tem garantido o volume de venda dos lojistas num cenário de desaquecimento. O tíquete médio das famílias passa de R$ 700, “o que no Polo é um bocado de peça”, observa o superintendente.

A Rota do Mar, destaque brasileiro em surfe e street wear, voltou a ser procurada por grandes magazines, a exemplo de Riachuelo, Yamada (PA) e Tesoura de Ouro (GO), conta o presidente, Arnaldo Xavier. Há dez anos, a empresa não comercializa com varejistas de grande porte, apostando no sucesso de lojas próprias e representantes. A Rota tem agendado reuniões para avaliar as possibilidades. Quanto à matéria-prima, Xavier lembra que grande parte é nacional, então não há grandes preocupações. A malha, largamente comercializada, vem, por exemplo, de Santa Catarina, interior de São Paulo, Paraíba.

“Vínhamos tendo uma ameaça de produtos importados, mas eles agora ficaram menos competitivos, nos beneficiando. A procura pelos nacionais aumentou”, comenta o síndico do Moda Center, Allan Carneiro. O cenário melhora quando se leva em conta o aumento dos custos de produção no País. De acordo com Carneiro, muitos lojistas têm segurado preços para não perder vendas e competitividade. O síndico aponta ainda a maior demanda dos sacoleiros em busca de renda extra. “Em época de crise, cresce o número de pequenos atacadistas”, comemora.

A importação de vestuário, em janeiro e fevereiro, teve queda de 6,5% em relação à mesma época de 2014. Mas o resultado, na avaliação da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), está mais relacionado ao fraco desempenho do varejo do que ao câmbio. “Estamos falando de um período em que as compras foram feitas há algum tempo. O impacto só será sentido daqui alguns meses, caso o patamar do dólar continue da maneira como está”, observa o coordenador da área internacional da Abit, Renato Jardim. Mas ele acrescenta que, no último mês, tem-se confirmado um movimento de tendência pela procura de fornecedores nacionais. “Eu não diria que vai haver uma substituição de 100%, mas está-se tentando buscar alternativas”, frisa. Para 2015, a expectativa da Abit é de queda de 2% na produção e estabilidade nas importações.

CABO VERDE

A desvalorização cambial é mais uma porta que pode ajudar a colocar em prática o projeto de exportação de mercadorias para Cabo Verde, na África. No dia 5 de junho terá início o voo que ligará Recife à Cidade da Praia, pela companhia TACV. Fortaleza (CE), que já conta com o voo direto para a cidade africana, é hoje um grande concorrente do Polo de Confecções. Ontem Moda Center, AD Diper e o cônsul da República de Cabo Verde no Recife, Ricardo Galdino, reuniram-se em Santa Cruz para acertar o projeto que visa assegurar hospedagem, transporte, segurança, atendimento e apoio local aos africanos interessados em fazer negócios no Polo de Confecções.

Fonte: Jornal do Commercio – Recife, 02 de abril de 2015
(Raíssa Ebrahim – raissa@jc.com.br)